A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL DE CRISTO
- Nicia Tavares Psicóloga Clínica
- 2 de abr. de 2015
- 3 min de leitura

Quando se aproxima a Semana Santa, um assunto muito intrigante, principalmente aos profissionais da área de saúde mental, é pensar sobre as reações de Jesus mediante as situações de grande tensão e angústia pelas quais passou, e comparar com o gerenciamento de nossos pensamentos e emoções em situações bem menos estressantes. Fomos buscar as pesquisas do psiquiatra Augusto Cury, e nos deparamos com uma enorme diferença, quando se trata de Jesus. Jesus se emocionava com a singeleza e era envolvido no ambiente em que vivia. Ele nos convida poeticamente para repararmos na "beleza dos lírios do campo que não tecem, mas se vestem de luz". Jesus acreditava na formação de uma pessoa alegre e inteligente, mas simples. Tinha uma inteligência tão sofisticada que dizia para "não andarmos ansiosos por aí", fazendo psiquiatria e psicologia preventiva, 20 séculos antes de sua existência, como ciência. Ele sabia que a tensão gerada pela ansiedade provoca desequilíbrios e adoecem a pessoa. É de senso comum que costumamos, sob tensão, descarregar nossas frustrações nas pessoas que menos têm culpa pela nossa ansiedade. É que nossa "frágil paciência" se esgota, e então ferimos as pessoas que mais amamos, sem pensar em consequências posteriores, de forma impensada e impulsiva. É aqui que começamos a frisar a diferença de Jesus: Ele pensava antes de reagir. Outra coisa inusitada:- em nenhuma situação Ele devolvia a agressividade que lhe faziam. E ainda mais inédito. Era capaz de estimular seus agressores a penetrarem dentro de si mesmos e a repensarem sua violência. No Evangelho que conta a sua entrada na cidade de Jerusalém, podemos notar claramente que Ele não necessitava de "elogios para o ego", serenamente passando entre aplausos e aclamações; bem diferente de nós que só sobrevivemos e somos felizes se alguém nos aclama ou elogia. Então, Ele demonstrava total controle de emoções vaidosas. Era tão doce e meigo que seu traidor nada mais pôde lhe fazer, se não beijá-lo. Fez o sumo sacerdote refletir sobre seus próprios atos: Se falei mal prova-o, mas se falei bem, por que me bates? Confunde o raciocínio de Pilatos: dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim? ... todo o que é da verdade ouve a minha voz. Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Quem me entregou a ti tem pecado maior. Reorganiza a vida de sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Ele conseguia ter paciência e tolerância porque trocava o foco: dos erros da pessoa para a pessoa dos erros. Nós percebemos que pessoas iradas, e em público, reagem como animais. (Temos abundantes exemplos no trânsito paulistano), e se quiserem vão até as últimas consequências. No entanto, em seu injusto julgamento, Jesus passou por um conjunto de situações estressantes (açoites, escárnio, torturas) que deveriam afetar completamente sua saúde psíquica, mas, de pronto soube superá-las. E conduziu o seu próprio julgamento. A rejeição e os sofrimentos, ao invés de abatê-lo, nutriam a sua capacidade de pensar. As perdas, ao invés de destruílo e desanimá-lo, o tornavam livre no território da emoção. Ele eliminou qualquer raiz de medo e pode ser tão livre por isso. Neste momento, poderíamos repensar a nossa saúde psicológica, entendendo o porquê da necessidade de controlarmos a nossa emoção, para sermos mais livres para seguirmos Jesus. "O homem que reage sem pensar e não pensa antes de agir, será sempre um joguete, nas mãos dos mais eloquentes". "Augusto Jorge Cury, Análise da Inteligência de Cristo, Editora Academia da Matéria
Editada no jornal dia 10 de abril de 2003
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