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EDUCAÇÃO - O QUE ESTAMOS ESCOLHENDO PARA NOSSOS FILHOS

  • Nícia tavares
  • 10 de abr. de 2015
  • 4 min de leitura

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...”Vovó me deu presentes, fez um bolo de chocolate muito gostoso, mas o que eu mais gostei, é que ela me disse que tenho quase dez anos e podia ajudá-la se eu fosse até a farmácia. Eu fui a pé pela calçada sozinha, adorei ir, é muiiiito legal”. A alegria de Marcinha nos faz refletir sobre a educação subjetiva que estamos transmitindo às nossas crianças e que não nos damos conta, por isso convidamos você para pensar a respeito, partindo desse exemplo. .Estamos todos em pânico com tantas notícias ruins que falam sobre violência,e que nos são passadas através da mídia. Elas relatam o que está acontecendo de pior aqui, e no mundo todo, o que nos dá a impressão que tudo está ocorrendo tão próximo como se fosse no quarteirão da nossa casa. Então guardamos as crianças sob sete chaves, para que elas não se exponham. E com isso retiramos o direito de viverem várias experiências. E são então levadas de carro pelos pais- motoristas à escola, à natação, ao inglês, ao futebol ou balé, ao dentista. A criança se parece a um “mini executivo”, toda agendada. Ela não caminha a pé (um dos exercícios mais primários e fundamentais do ser humano), não brinca de correr, perde a oportunidade de adquirir experièncias cinestésicas corporais, e também perde a oportunidade de fabricar mais serotonina (elemento químico neurotransmissor cerebral) um dos responsáveis pelo bom humor. São os pais que se deslocam, sobrecarregados e neurotizados para darem conta de suas próprias tarefas, bem como das tarefas dos filhos. Acreditando nessa limitação e na certeza de que nasceu para ser servida, cedo a criança aprende a pedir ou mandar para que seu desejo que é ilimitado, aconteça. Aprende que ir e vir dela é obrigação de seus pais, bem como todo "serviço chato". Em seu pequeno reinado, seu quarto equipado com a tecnologia de ponta, ela impera com controles remotos nas mãos. Permanecer no quarto até pouco tempo era um castigo, pois impedia o brincar da criança, mas hoje é tudo o que mais quer, interagir virtualmente. Não nos damos conta do que ela está faazendo ou vendo, e entre outras coisas, tem bastante programação sem padrão de qualidade namídia, com seus efeitos especiais e ilusórios. A criança vê além dos programas infantis, qualquer coisa (Você sabia que 10% da audiência do programa Jô Soares é de crianças de menos de doze anos, a uma hora da manhã?) E o computador é um amigão, pois não discute nunca com ela, e coloca através de rede social, os amigos e inimigos no quarto. Normalmente na sua escola todas as crianças são da mesma classe sócio-cultural que ela, a criança perde a oportunidade de interagir com as diferenças, tendo maior dificuldade com os preconceitos e inclusões sociais. E lá vamos nós, pais, acomodando-as da melhor forma possível, e podendo com isso acarretar uma epidemia nos consultórios de psicologia daqui há dez, quinze anos:” a dependência emocional em massa”. E quando chegarem a fase adulta,o contato com a realidade e a falta de habilidades e defesas, as farão frágeis vítimas em pânico. Talvez agora tenhamos elementos para entender a felicidade da nossa pequena personagem introdutória, não é? Sua avó quebrou esse esquema, pediu que fosse sozinha à farmácia. Se somos frutos de nossas escolhas, o que estamos escolhendo para nós e nossos filhos? Se anteriormente o homem que era nômade, agrupou-se em núcleos criando a convivência social com o objetivo de defender-se dos perigos (os fenômenos naturais) usou o maior e melhor mecanismo de defesa que ele possuia, a inteligência. Agora, aglomerados que estamos, buscamos soluções individuais para problemas coletivos, fazendo das nossas casas verdadeiras cadeias. O que causa espanto é que parece que estamos usando um mecanismo de defesa menos inteligente chamado de identificação projetiva (nos consideramos vítimas de todos os atentados do mundo em todos os tempos). E acionamos o mecanismo de isolamento afetivo, nos fazendo passar como figuras frágeis, onde as pessoas nos metem terror, e preferimos ficar no nosso mundinho, isolados. Melanie Klein ( psicanalista ), ao estudar relacionamento mãe-bebê, diz que encontraremos sérios problemas se: “ o medo da morte do bebê não puder ser contido pela mãe, e que por isso, o despoja do sentido de vida, dirigindo ela ao bebe, o seu próprio terror ...”. Quando diz isso está se referindo a como despertamos a psicose infantil nos filhos.. Bem, se não revertermos nossas escolhas, provavelmente teremos amanhã uma sociedade individualista, egocêntrica, preconceituosa, dependente e com dificuldades nos laços familiares. Tudo aquilo que hoje abominamos, e que não gostaríamos de passar às gerações futuras . Deixamos ainda uma pergunta a você: Estaremos nós nos utilizando também, mas veladamente, dessa violência? Será que é mais fácil criar os filhos sob esse pânico, porque assim eles não contra argumentam e isso facilita o controle dos pais que não sabem como educá-los? Mais difícil ainda é entender por quê de dia é perigoso viver, mas as baladas da madrugada são permitidas ao pré adolescente, ao jovem coletivamente onde pode rolar de tudo? Pense nisso.E que Deus nos ajude a usar a inteligência que nos deu nas nossas escolhas ,e usá-la bem! Matéria pubicada no jornal dia 10 de outubro de 2004

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