ADOLESCÊNCIA - EDUCAÇÃO O DESPERTAR DA SEXUALIDADE (PRIMEIRA PARTE)
- Nícia tavares
- 8 de mai. de 2015
- 4 min de leitura

Pensava aqui com os meus botões como é difícil para nós, os adultos, falarmos em sexo.. Nos cursos de noivos, por exemplo, específico para preparar os casais ao exercício do matrimônio, não se fala em sexualidade como envolvimento emocional e prazeroso, fala-se sobre a fisiologia e concepção. Mas além da fisiologia, pois o homem não é só isso,o que ocorre mesmo? Afinal, há algo a mais. Até nós aqui no jornal não temos nesses anos todos, nenhum artigo sobre sexualidade, e se é o que dá a vida além de dar vida na vida dos casais, é importante. Estaria o jovem de hoje mais preparado do que o de ontem para falar sobre sexo e sexualidade? E nós, os adultos, estamos dominando melhor um assunto que sempre foi tabu? Orientamos nossos filhos rumo a uma sexualidade saudável? Estamos em contato direto com a mídia e a internet que promovem todo tipo de discussões: sérias e com embasamento, mas também promovem cenas vulgares e depreciativas. E sabemos que é o que dá muita audiência. E num olhar meio corriqueiro podemos dizer que o assunto é bastante abordado, eu diria que houve até a banalização do sexo, então por lógica, o jovem estaria mais preparado hoje. Certo? Pois é leitor, vamos pensar juntos, para ver aonde chegaremos. Essa história aconteceu há algum tempo atrás, numa palestra para pais e professores que fiz numa escola infantil, para que melhor se orientasse a sexualidade de crianças com 3 até 6 anos. Uma mãe escandalizou-se porque eu disse que tudo no corpo humano tem nome. E que o nome correto para o órgão genital externo da filhinha dela era vulva, nada de periquita, pois é o nome de uma ave. A criança percebe há algo no mínimo estranho no ar (proibido?). A mãe ficou indignada, dizendo que tem uma tradição na família dela, e que fazia questão de ensinar à filha o mesmo nome que sua mãe lhe ensinou, pois era muito “meigo”, e que esses nomes tidos como “corretos” soavam aos ouvidos dela como palavrões. O que há de meigo em periquita que não é periquita? Acaso ensinamos que pé chama-se papagaio? Ela repete com a filha a sua repressão pessoal; assim, a filha terá de aprender como ela, maliciosamente tendo amiguinhas mais velhas como professora. Eu sei que é muito comum apertar o nariz do bebê e brincar que uma campainha tocou, mas na hora de assoar o nariz do nenê, a mãe diz: “vamos limpar o narizinho”. Na verdade parece que essa mãe não está preparada nem para nomear corretamente seu próprio órgão sexual. É claro que não corresponderá a expectativa e curiosidade característica da idade de sua filha, mesmo que ela tenha só 4 anos. A filha não vai aprender e a mãe não sabe, ou não quer, ou pior, não pode ensinar. Tem um detalhe , nada é estático no Planeta, e por isso os filhos crescem, e ela precisará aprender a dar respostas certas na medida certa para ela. Sem ausência da verdade, para que entenda, e sem excesso a fim de não avançar conteúdos para os quais não estava ela preparada. Cabe ao adulto superar seu desconhecimento, suas próprias barreiras. Não há sentido em continuar com cantou Elis Regina – “Somos os mesmos e fazemos como nossos pais”, quando tratamos com pessoas esclarecidas em tantas outras áreas, com muitas oportunidades de aprendizado, e que não ocorreu assim com os pais. Necessitamos guardar as verdades de nossos pais, mas não podemos repetir as dificuldades deles. Quando seu filho faz uma pergunta, explore um pouco mais de onde surgiu aquele tipo de curiosidade, pergunte-lhe antes o que viu exatamente, para depois responder. Ao passar pelas fases do desenvolvimento sexual, na verdade aos pais, o que interessa resumidamente é saber que a criança está descobrindo o próprio corpo, o corpo do outro, e como veio para aqui no mundo. Malícia não está incluída nessa história, não pelo menos pela criança, e nem prazer sexual como os adultos conhecem, pois ela não tem hormônios maturos para tal. Basta atender e satisfazer a necessidade de saber dessa fase. E se ela acaricia os órgãos sexuais, provavelmente é porque não está recebendo atenção ou carinho que lhe é devido. Talvez a babá dessa criança seja a televisão por muito tempo. Muitas crianças se auto-estimulam nas diversas áreas do corpo, cabeça, cabelo, nariz, por não receberem carinho devido dos adultos. A criança descobre o mundo através do direcionamento dos pais, e se confiar, estabelece um diálogo que pode ser íntimo. Mas quando confronta com outras informações que recebe do mundo externo e que não correspondem às suas, inicia o processo da desconfiança desses pais. Poderá ter grandes repercussões na interação com os pais, com a sociedade, inclusive surgindo a mentira Desde a mais tenra infância devemos tratar qualquer assunto com nossos filhos, com respeito, como assuntos pertinentes à vida ou a morte, criados por Deus, e portanto todos dignos de serem falados. No próximo exemplar continuaremos a reflexão a partir do adolescente. Até lá. Matéria publicada no jornal dia 10 de junho de 2008
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