RELIGIÃO E SÍMBOLOS - NATAL CRISTÃO
- Nícia tavares
- 13 de mai. de 2015
- 3 min de leitura

Gostaria de trazer neste ano uma breve reflexão para entendermos melhor o contexto do Presépio. Quando nos lembramos do nascimento de Jesus, o que é que nos vem à mente? Na minha recordação, vejo um bebê envolto em panos, deitadinho num comedouro de gado, seus pais envolvidos em cuidar dele e apresentá-lo às demais pessoas que por ali passam, e curiosos, param para ver: são pastores de ovelhas com suas ovelhas, mulheres que foram buscar água em poços comuns, e até reis, magos orientados pelos astros, chegando com seus camelos e ofertando presentes ao recém nascido. Lembro-me também de burrinhos dividindo seu espaço num tipo de estábulo, ou gruta. Muito embora sabemos que é uma convenção, essa representação não poderia ser diferente quando lemos os relatos do nascimento de Jesus. Se foi São Francisco o idealizador em reproduzir, o fez bem. Se nada foi por acaso, essa cena também não o é. Jesus sabia como queria nascer, além do porque deveria nascer. Naqueles tempos existiam casas simples ou sofisticadas, ele poderia ter escolhido uma casa simples, sem ostentações, um lugar limpinho, livre de micro organismos, dentro de possível controle de temperatura, sem calor ou frio em demasia. Afinal, Ele seria um nenê no início, não é? Ele não quis. Neste Natal, montei um presépio e reproduzi um cenário mais aproximado do relatado nas leituras, e fiquei observando algum tempo e foi muito bom. Jesus tem um simbolismo animal muito importante. Ele está na natureza, é a natureza; Está entre os animais, entre os cordeiros, é o Cordeiro de Deus. Para os primeiros cristãos era o peixe que também O representava e representa até hoje. Aneila Jaffé, (em Símbolos Sagrados, do livro O Homem e os Símbolos) interpreta que são indícios que mesmo Filho de Deus ( a personificação suprema do homem), Jesus não prescinde de sua natureza animal, do mesmo modo que da sua natureza espiritual. E que será considerado tanto o sub-humano como o sobre-humano como partes do reino divino. Sabemos que o animal em si não é bom e nem mau, é parte da natureza e não pode desejar nada que a ele não pertença. Em outras palavras, o animal obedece ao instinto. Esse instinto por vezes nos parece misterioso, mas nosso instinto guarda correlação com a vida humana: vivemos porque o temos. Porém o homem pode manifestar-se “um ser animal”, pode tornar-se perigoso se não integrar à psique sua natureza espiritual. Na representação do presépio, temos os pastores e suas ovelhinhas que calmamente esperam, algumas carregadas no dorso dos pastores. E ali, naquela integração total da natureza, Jesus nos mostra que o homem é a única criatura capaz de controlar por vontade própria o instinto, e é também o único capaz até de reprimi-lo, distorcê-lo e feri-lo. Instintos reprimidos e feridos, assim como animais feridos, são os perigos que rondam o homem civilizado, e os impulsos desenfreados são os piores riscos que ameaçam o homem primitivo. Em ambos os casos a aceitação da alma animal é condição necessária para alcançar a totalidade e a vida plena. Ele sabia e escolheu um cenário para nos ensinar. O homem primitivo precisa domar o animal que há dentro dele e torná-lo um companheiro útil; o homem civilizado precisa cuidar do seu eu para dele fazer um amigo. Por isso Ele se fez homem, se fez cordeiro e se fez obediente. No cenário do presépio, todos interagem na mais pura e perfeita harmonia: O Sagrado consagrando toda a natureza! Reproduza essa cena em casa, montando aqueles presépios como os de antigamente e perceba essa paz trazida por uma pulsação universal como num uníssono, que o Nascimento de Jesus contém, e talvez a gente comece a entender porque o Natal é uma data inigualável em união e fraternidade. A pastoral da comunicação deseja a todos” um Natal com a essência do Presépio”. Matéria publicada no jornal dia 10 de dezembro de 2008
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