ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS
- Nícia tavares
- 15 de mai. de 2015
- 3 min de leitura

Educação de qualidade para todos – Ensino religioso nas escolas O jornal PSI, do Conselho Regional de Psicologia trouxe nesse mês (dez. jan. 2009) uma entrevista concedida pelo Frei Betto, abordando a questão do ensino religioso nas escolas públicas, privadas e religiosas. Por entender que é um assunto do interesse desta comunidade quero aqui transcrever alguns trechos da entrevista. Assim Frei Betto explica: “Sou contra o ensino religioso e a favor do ensino das religiões em escola pública, pois os entes públicos não têm direito de privilegiar uma religião, por ser o Brasil um estado laico, conforme reza a constituição. Mas é inconcebível que as religiões praticadas em nosso país não sejam objeto de estudo em todas as nossas escolas...” “Em escolas religiosas o ensino da confissão a que pertence a escola deve ser obrigatório. Não concebo uma escola católica que não evangelize, não promova retiros espirituais, não mantenha vínculos de solidariedade com a população de baixa renda. A diversidade de crenças é uma riqueza e não um problema. Por isso, deve ser objeto de pesquisa e de estudos em todas as nossas escolas. Todo estudante brasileiro deve aprender o que é uma missa, um culto, um terreiro de candomblé, como são os rituais indígenas, etc. Deve ter conhecimento do que é catolicismo, protestantismo, espiritismo,judaísmo, islamismo. Deve entrar em contato com a Bíblia, o Corão, e a Torá, os textos de Alan Kardec e de Chico Xavier”. Nesse momento, o jornalista pergunta sobre o fato do ensino religioso poder gerar na prática, um direcionamento para esta ou aquela crença religiosa, ou mesmo para que o jovem “tenha” uma crença religiosa. Então Frei Betto responde: “Repito que sou contra o ensino religiosa e a favor do ensino das religiões em escolas públicas. Mas a questão vale para qualquer disciplina: ao ensinar história, quem é o vilão, o bandeirante ou o índio caçado para ser escravo? O colonizador ou o colonizado? A religiosidade, como a sexualidade, é inerente ao ser humano. Quem não a cultiva na direção correta corre o risco de direcioná-la para a idolatria – da beleza, do poder, da fama, da riqueza. Sou plenamente a favor da educação religiosa das crianças por parte dos pais, das denominações religiosas, como Igrejas, e das escolas confessionais. Pois não há neutralidade: se você não ensinar a seu filho o que são valores, o certo e o errado, o bem e o mal, o justo e o injusto, os programas de auditório haverão de fazê-lo...Ou você educa ou o sistema capitalista, centrado no egoísmo (competitividade) e no consumismo o farão à sua revelia”. Nesse momento o jornalista explica que a psicologia se preocupa que a escola seja um espaço de formação humana, de encontro do sujeito com a educação, onde ele vai constituir a sua subjetividade. E pergunta se a existência do ensino religioso na rede pública não se constitui em uma forma de imposição. Então o Frei responde: “Não existe educação neutra. Toda educação é inevitavelmente impositiva. O desafio pedagógico é fazer isso de modo a permitir ao educando tornar-se protagonista do processo, e não mero objeto de regras que lhe são ditadas. Se na sua casa você senta-se à mesa para comer e trata a cozinheira com respeito, você está impondo a seus filhos, pelo exemplo, um código de conduta. Você poderia dizer a eles: façam o seu prato, e tomem assento onde bem entenderem; tratem a cozinheira como mera serviçal. Gostaria muito que, ao adotar o ensino religioso, as escolas – públicas e privadas – educassem os alunos nos valores éticos, no amor ao próximo, na solidariedade às causas libertárias dos pobres, no gosto pelo silêncio e pela oração – e isso vale para todas as confissões religiosas”. Que pena! Aqui acaba a entrevista, porém gostaria de reforçar o que tão bem colocado foi pelo Frei. Ter posicionamentos frente à vida nos dá força para termos coragem para sair de cima do muro, inclusive frente a educação dos filhos; e filho quer ser direcionado, pois entende essa direção como interesse e amor dedicados a ele, sentirá confiança nos pais e será menos inseguro. E como foi dito, você ensinará sua religião pelo exemplo inclusive, então fique atento – além da escola - como você está fazendo isso?
Matéria publicada no jornal dia 10 de março de 2009
Comments