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IMAGINAÇÃO - A LOUCA DA CASA

  • Nícia tavares
  • 29 de mai. de 2015
  • 4 min de leitura

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A imaginação é a louca da casa” Sta. Teresa Dávila


Tudo o que vemos, e que foi feito pelo homem, com certeza nasceu dentro de uma cabeça. Qualquer artefato, uma casa, um prédio, um lápis, enfim, tudo passou antes pela criatividade construtiva humana. O ato de criar é magnífico, pois foi graças a ele que conseguimos um mundo de facilidades para viver, mas vale pensar nas duas formas que podemos encontrar a fantástica função do cérebro, a imaginação, passando nossos sonhos para a realidade. É que as vezes podemos utilizar contra nós, plantando frutos que não gostaríamos de colher. Vejamos essa historinha.

“Mário não vê a hora de chegar em casa e gostosamente recostar a cabeça no colo de Antônia para contar-lhe o dia estafante, porém produtivo, com vendas surpreendentes. Está planejando inclusive convida-la para comerem uma pizza a fim de comemorar essa vitória. Planeja surpreendê-la na cozinha e ao abrir a porta do apartamento lhe dirá em alta voz: “Querida, não faça o jantar, tenho ótimas notícias”! Caminha feliz rumo a casa enquanto pensa com seus botões distraidamente. Antônia teve um ótimo dia, está de bom humor e com saudade do marido. Antes de fazer o jantar, pensa: “Vou surpreendê-lo, tomar um banho, colocar uma roupa bonita, e espera-lo com uns petiscos para descontrair”. Vai para o banho enquanto pensa com seus botões distraidamente. Quando chega em casa, Mario abre a porta e não encontra Antônia na cozinha como de costume, então bate a porta com força ao fechá-la, para que ela ouça que ele chegou. Antônia que estava terminando o banho, ao ouvir o barulhão da batida da porta, entende que Mário teve um péssimo dia e está de mau humor. Não querendo enfrentar o mau humor dele, e para eles não brigarem, coloca o pijama velho e vai para a cama. Ao surpreendê-la na cama, e com o pijama velho, Mário pensa que ela está com muita dor de cabeça, e desolado vai para o sofá e liga a TV. Uma noite perdida para o carinho, para a conversa e para o amor”...

É um relato leitor, mas é como funciona uma das formas da nossa imaginação. Temos o hábito de “achar” o que os outros estão pensando, então tomamos atitudes baseadas no nosso “achismo” e quase sempre são pessoas até muito bem sintonizadas, como o casal da historinha, que se desarmonizam de maneira incrível e por nada!. Então veja, se imaginar é importante e necessário, o que aconteceu com a imaginação do casal do exemplo? Imaginar é a função de evocar ou produzir imagens de um objeto real qualquer, independentemente de sua presença ou ausência. A função perceptiva vai depender de um funcionamento psíquico que pode ser menos ou mais organizado, dependendo de como se faz a percepção do objeto, que pode ser mais real, ou da abstração do objeto real, o que acaba sendo uma “ ideia”,ou o conhecimento do objeto. Na imaginação, porque é só uma ideia, não existe ainda uma realidade em absoluto, mas sem essa imaginação, não existiria a realidade na qual vivemos, em que o homem está inserido hoje, e que se acredita como boa. De fato, facilita a vida ter um carro para locomoção, por exemplo, saído da ideia do próprio homem. Sem imaginação não existiria uma realidade relativamente ao homem, ao homem visto nas suas várias atividades, desde as quotidianas, até as especiais, e nisto incluímos as atividades científicas, isto é, onde a imaginação entraria no próprio mundo e interviria no mundo enquanto representação do objeto real. Enfim, a imaginação exprime por assim dizer, o “engate” entre o homem e a realidade, ou entre o – si mesmo e o mundo. Aqui, Carl Gustav Jung (psiquiatra) preferia referir o termo imaginação, quando alguns colegas diziam fantasia. Ele afirmava que a nossa obra deve realizar-se através de uma imaginação autêntica e não ilusória. Neste ponto paramos para voltar à história e identificar onde nossos personagens ficaram retidos, numa outra forma de imaginar, a ilusória, onde nossos personagens ficaram retidos. Pensar que eu sei o que o outro está pensando, é no mínimo ilusório e complicado pra todos os envolvidos(e dependendo do grau, é uma patologia), pois não se tem acesso ao pensamento, não foi descoberto ainda uma forma de saber sobre o que se passa na cabeça de outra pessoa, a menos que ela conte o que está pensando. Isso é ótimo, não somos invadidos nas nossas ideias, e nem tampouco invadimos os pensamentos de ninguém. Nossos personagens fizeram uso de uma imaginação solta, desenfreada, sem obedecer a lógica de perguntar a realidade, foram imaginando conteúdos pessoais que não correspondem necessariamente aos comportamentos manifestos e projetando no outro suas interpretações pessoais, causando desastre e desarmonia na relação. Tomamos conhecimento agora da tal louca da casa. Direcionada para bons propósitos Jung fala da imaginação ativa, quando é utilizada para “forçar” imagens, pois adquirem também vida própria, e concentrando nessas imagens, faremos uma viagem ao nosso inconsciente, para um processo de análise mais acelerada, uma programação melhor com pensamentos positivos para alcançar metas e objetivos.. E se, através da imaginação foi possível criar tanto nesse mundo, também por ela, quando solta à própria revelia, temos os grandes horrores devastadores do planeta e da paz humana e poderá arrasar a sua vida se usá-la para “imaginar” o que as pessoas fazem, falam, ou pensam sobre você. Poderá fabricar até um(a) amante para seu cônjuge, pois de tanto imaginar, mesmo não sendo uma verdade, é verdade para você, e o seu sofrimento será igual portanto será real. Tenha sempre uma gaiola imaginária à mão, e não tenha dúvidas quando um pensamento esquizoide adentrar na sua mente. Pense imediatamente em trancar a “louca da casa” sempre que não precisar criar.

“...antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma” Rubem Alves

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