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TRAINDO-ME

  • Nícia tavares
  • 3 de jun. de 2015
  • 4 min de leitura

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Na edição anterior abordamos o assunto da fidelidade conjugal, uma forma de juramento que fazemos expontaneamente, porém, se não ficarmos focados ao objetivo primordial, pode se perder esse foco que é o amor experimentado iniciamente, e praticar a traição.

Sobre as escolhas, vimos que normalmente quando escolhemos, deixamos situações boas para trás, pois não há caminho por pior que seja, que não contenha também seus ganhos e benefícios, e que estamos acostumados a desfrutar. E por isso, acabamos deixando umas “reservas” nessa escolha, (para se caso o novo caminho não der certo, voltar ao preterido), como cartas na manga da camisa. E que essas reservas nos atrapalham na manutenção de tais decisões, sejam quais elas forem.

Vamos continuar o assunto entendendo um pouco mais sobre essas reservas, pois são as responsáveis pela traição e entendê-las é fundamental na obtenção do êxito, da permanência nas nossas escolhas. As perguntas básicas são:

Porque há traição? Quando há traição? Quem trai quem?

Traição no dicionário tem o significado de enganação, enganar, felonia.

A pessoa engana sempre quando acredita que não conseguirá falar a verdade e também acredita que a outra parte não vai entender suas explicações, o que pode não corresponder à verdade. E mediante tais pensamentos, ela mente.

Se de verdade a outra pessoa não consegue ouvir, sem querer está pedindo para ser enganada, e pode-se dizer que as estruturas internas do EU dessas duas pessoas, são fracas produzindo a enganação, uma porque não consegue falar e outra porque não consegue ouvir. E sabemos que o falar e o ouvir estão intimamente ligadas, só quem tem coragem de falar , tem coragem de ouvir. Resumos, ambos têm o mesmo problema.

O que acaba com a coragem de falar e de ouvir?

São vários os motivos do enfraquecimento do EU, tais como auto estima baixa, sentimento de menos valia, onipotência ( que na verdade é o disfarce da impotência), sensação de inadequação, auto afirmação, medo de envelhecer, curiosidade exagerada e outros mais. Receber crítica seria a pior coisa para uma pessoa nesse estado, porque o que mais teme é perder o afeto e reconhecimento e a crítica soaria como tal.

Essa dificuldade para falar e ouvir pode enganar amigos, pais, chefe, filhos. Mas o problema central está no fato de com essa atitude, estar se enganando a si mesmo.

Como falamos de fidelidade abordando principalmente o casamento, será pertinente falarmos da traição no casamento.

Vivendo e decodificando o mundo através de uma ou mais daquelas dificuldades pessoais para as quais a pessoa recusa admitir que tem, mostrará seu EU frágil claro que, por exemplo, porque vai normalmente se” achar” perdida e fora do contexto, não percebendo que o problema está nela; então acusa o outro de não lhe dar atenção, espaço, afeto. Esse será um dificultador na permanência da pessoa em seu objetivo. Qualquer dificuldade não reconhecida como nossa, será percebida como do outro e teremos um outro “sempre” errado”. E pode ser um gancho para puxar aquelas reservas que guardamos para uma possível volta ao caminho antigo, no caso, o da solteirice. Lembrando que a pessoa teve coragem para pactuar a promessa de ser fiel em qualquer circunstância porém, por uns anos vivendo esse sentimento angustiante, acreditará uma hora que o outro não é tão merecedor assim do pacto nupcial. E precisará de uma auto afirmação, alguém que lhe diga que ela é benvinda sempre. Aquela carta guardada na manga da camisa no dia do casamento é lembrada, e a pessoa sai, em busca de sentir-se aprovada e benvinda por outro alguém. Quem procura, acha.

Fez uma identificação precipitada, e terá uma vida dupla, cisão da personalidade, mentindo inventando, criando estratégias para esconder o novo caso, e , inventando histórias para si mesmo sobre seu possível casamento fracassado... Inventa e delira como se fosse num processo esquizofrênico, vive duas realidades que não pode misturar. A economia do psiquismo fica perturbada, tem perda financeira e uma constante preocupação para não ser descoberto.

Eis aí a fómula que faz do ideal, em vez de força construtiva, o negativismo da destruição.

E a pessoa ainda não está traindo e enganando o parceiro, é antes disso e muito pior, pois há um terrível engano, e ela é sua própria vítima, ela se trai, na medida em que não se conhece e destrói sozinha tudo aquilo que tinha planejado como ideal e objetivo para sua vida.

Eu não saberia dizer se é pior reconhecer o erro um dia, mesmo não conseguindo mais resgatar o casamento, e por isso sofrer a culpa desse engano; ou ficar na ignorância dos fatos, e acreditar que o erro era do outro e o outro mereceu . Mas digo que é a primeira opção, pois sei que a melhor mentira, é pior, que a pior verdade.

Há de se fortalecer o EU, admitindo e entendendo nossas dificuldades de interpretação do mundo, corrigindo o foco, para se permanecer firme no objetivo inicial, a sua promessa .Isto é um trabalho de médio prazo, provavelmente com ajuda profissional.

E o parceiro? Sem entender o desfecho daquelas pequenas queixas, acreditando se tratarem de”bobagens” criou uma expectativa de sucesso, felicidade e fidelidade incondicionais, e teve a sua confiança violada. Rompimento do contato, da verdade e do respeito. A dor desse sentimento é muito profunda, e poderá auxiliar no crescimento emocional, creditando inclusive alguma parte de culpa que possa lhe caber nesse processo, porque ele é de dois.

Casamento feliz se compõe também de sensibilidade, inteligência e autoconhecimento, além da bênção de Deus, do amor e afeto.


Matéria publicada no jornal 10 de outubro de 2013.

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