LIVRE ARBÍTRIO É DISCUTÍVEL
- Nícia tavares
- 8 de jun. de 2015
- 3 min de leitura

O ato de escolher é bem mais complexo do que imaginamos, porque o nosso psiquismo é complexo. Por exemplo, se eu lhe disser para escolher um carro para dirigir sem se preocupar com o custo do mesmo, possivelmente você escolherá um carro que faz parte do seu dia a dia, mesmo que remotamente. Dificilmente elegerá uma marca que não teve algum tipo de experiência, mesmo que seja o fato de ter visto um vizinho dirigindo aquele carro e você sentiu algum tipo de emoção, ou desejo. Isso significa que pode ser que não esteja escolhendo o melhor carro ao seu alcance para dirigir. Quero com isso dizer que só podemos escolher baseados nas nossas vivências e que, se ela for parcial ou pouca sobre o assunto em questão, infelizmente podemos não fazer a melhor escolha. Bom seria se só isso fosse a base das escolhas, porém embora o conhecimento daquilo que existe é importante , não é tudo. Possibilidades que dificultam a escolha tem a ver com o fato de que escolhemos por emoção, e não por razão. Se eu gosto mais de amarelo, é porque ele reproduz algo de bom que relacionei com essa cor, um comentário, algum sucesso na infância, a cor que mais a mamãe gostava, etc. Na escolha pela razão, jamais uma pessoa fumaria, todos comeríamos com parcimônia , não derrubaríamos florestas, ninguém se drogaria, entre outras coisas. Além disso temos conceitos e preconceitos que herdamos das famílias de origem. Lembro-me da disputa entre os Ademaristas e Janistas dos anos 60. Independente de qual era o melhor, o melhor mesmo era o que a família nos dizia. Tem mais, nós somos regidos pelos nossos desejos ocultos e reprimidos, embora não apareçam, acabam comandando muito das escolhas. Escolhemos roupas recatadas para poder falar das que usam roupas mais ousadas. Nosso inconsciente trás à tona desejos sexuais e de sedução, que faz parte do instinto, e que por medo de sairmos daquela tradicional moral, não confiamos em nós mesmos,nos obrigamos a o reprimi-los e por não querer reconhecer em nós, reconhecemos e acusamos no outro. Tem mais,o fato de escolheremos ainda passa pela conduta arquetípica que nos obriga a agir como espécie humana. Sabemos o que somos,(assim como um elefante age como um elefante) ( C. G. Jung, psiquiatra) ,o homem não se livra das emoções e fantasias. Nos deparamos tanto com emoções nem sempre nobres, de inveja, esperteza, cobiça, luxuria, vingança, raiva, preguiça, medo; como nos deparamos também com as nobres, como generosidade, piedade, compaixão, solidariedade, amor, sublimação. Elas vão gerar condutas arquetípicas: grande mãe, herói, vilão, salvador, vítima, Caim, provedor, príncipe e princesa, velho sábio, deusa da beleza e outras. Ainda vamos considerar os humores, pois podemos ter alterações no humor no dia a dia. Eles ocorrem caso não estejamos centrados o suficiente para abstrair um revés inesperado alterando os planos, ou por fatores físicos, como indisposição de algum ou mais órgãos. Parte desse humor tem a ver também com a forma que cada um tem para decodificar o mundo, Você já recebeu um artigo inteiro sobre a forma com a qual cada um vê o mundo com o título, “Qual a cor dos seus óculos?” ( setembro de 2009), pois o jeito otimista fará uma escolha diferente do pessimista. Todo esse contexto interno da pessoa virá participar de um cenário, num contexto histórico temporal e localizado em algum lugar do planeta. Um morador da comunidade da Rocinha no Rio de Janeiro comparado à mesma época com um norte americano de New York muito dificilmente farão escolhas iguais para a resolução do mesmo problema. Então, leitor, onde está o livre arbítrio? Estamos aprisionados, cercados, comandados, e limitados internamente e externamente. A tendência é reproduzir o que a massa escolhe.O que os pais escolhem e o que a sociedade do entorno escolhe. Você não é livre como pensa, e as suas idéias não são suas como acredita que são. Será que ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais? “Quando criança, fui escravo dos meus impulsos; agora sou escravo dos meus hábitos como todos os adultos. Estão traçando um caminho que ameaça aprisionar meu futuro. Se portanto devo ser escravo do hábito, que seja um escravo de bons hábitos” Og Mandino
matéria publicada 10 de julho de 2014
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