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SENTIMENTOS

  • Nícia tavares
  • 25 de jun. de 2015
  • 4 min de leitura

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Repare bem no que não digo” (Paulo Leminski, poeta paranaense)

Os nossos sentimentos são uma das facetas da nossa psique, e sua função é dar um colorido para nossa percepção sobre as coisas, mas ao mesmo tempo, também podem deformar o mundo que percebemos. Porém não significa que alteramos aquela verdade, . Os sentimentos estão aí, e este artigo quer alertar para que seja retirado o melhor dos sentimentos, porque necessitamos aprender a lidar com eles.

Quando a gente sofre um dano que nos cause uma decepção, sofremos como todos sofrem, e acabamos nos sentindo cansados, desanimados e feridos. Parece-nos que nosso sofrimento é maior do que o do restante da humanidade O mais usual a fazer é evitar, negar, disfarçar, racionalizar Ou jogar a culpa para cima dos outros, o que em nada resolve. Fazemos isso porque sentimos que há uma ameaça de que sofreremos dano emocional, isso dói muito, e a reação natural é evitá-lo. Ninguém quer sofrer, não é? Porém, essas barreiras que criamos, quando reagimos, nos fazem mostrar de maneira excessiva quando se tratam de sentimentos dolorosos, construindo defesas impenetráveis. A parte chata é que na tentativa de nos resguardar terão quase que o mesmo efeito destrutivo do próprio dano, pois criamos uma barreira para não ver a realidade.E quando a criamos, o que fazemos é bloquear as partes de algo que passou e que não gostamos, ou nos causam embaraços e constrangimentos. Essas defesas tem um lado que não é legal, na medida em que bloqueiam também coisas e recordaçõe boas, bacanas. Vamos colocar um exemplo, o de ansiedade. Estamos falando de um medo, de perda, quer real ou do imaginário. Você vai querer ver logo o resultado final do seu trabalho,por acreditar que possa dar errado. E isso lhe causa a dor do desemprego. Por sua vez, a dor provoca um desequilíbrio e exige alguma reação, cuja reação tem de sair a partir de você, é de dentro para fora, porque está sendo criada de dentro para fora. Seu chefe diz que não está bom, embora você tenha dado o seu melhor. Parece que ele quer lhe prejudicar Mas se sentir raiva do chefe, poderá deixar de ser o braço direito dele, poderá criar animosidade, entra em conflito e disfarça o sentimento. Mas nada mudou, você está desconfiado do chefe, e queria poder sentir raiva dele. Então sente alguma outra coisa substituta.

Para arrumar essa situação, temos de fazer o caminho que seria: voltar a sentir a raiva, acreditar e se permitir ter raiva, aceitar que você a sente, e que é assim mesmo.

Exemplo muito comum de dissimular a raiva, talvez com o qual você até possa se identificar leitor reside nas discussões de casais. Quando se sentindo “ofendido”, a pessoa dissimula a raiva de alguma forma, geralmente se percebe como agredida, e ansiosamente quer dar uma resposta, mas que seja horrível, negativa, para doer no outro como doeu em si. Só que não o faz. Utiliza então o sentimento de mágoa e nesse sentimento “reage”. Sem questionar, propor uma discussão, elaborar a raiva que sentiu com o fato, a pessoa toma atitudes impensadas, que muitas vezes são até bem piores do que o fato acorrido anteriormente. Coisas tão banais como uma pasta detifrícia mal apertada, uma toalha úmida jogada em cima da cama, um copo quebrado, podem tomar uma proporção capaz de separar um casal. São os sentimentos que vão levando a pessoa à raiva, que está ocultada, não sentida. Depois de certo tempo separados, as pessoas necessitam criar monstros para justificar o porque da separação, pois percebem a banalidade do fato causador. Isso porque com o passar do tempo, já se permitiram sentir raiva e entender a situação como um todo, inclusive suas próprias falhas e exageros.. Quase sempre casais que se separam se arrependem, porém, para manter ainda ocultado esse sentimento, negam para si e publicamente que estão arrependidos. Só que isso não invalida o fato do sentimento de culpa que começa a atuar. Talvez de para explicar parte do que acontece para os separados no final da linha da vida, onde apresentam muito mais depressão do que aqueles que permaneceram juntos a seus cônjuges.

O que nos impede de logo de cara sentir a raiva? O fato de que temos uma convicção: a de que precisamos ser perfeitos, e temos dificuldade em admitir que são unicamente as nossas imperfeições que são as responsáveis pelo mal que estamos vivendo naquele momento.

David Viscott em seu livro A linguagem dos sentimentos, exemplifica essa nossa conversa de maneira mais clara para que se possa entender a sequência natural desse fato, com uma tabela interessante:

  • ANSIEDADE É O MEDO DA MÁGOA OU DE PERDA

  • A MÁGOA OU PERDA CONDUZEM À RAIVA

  • A RAIVA CONTIDA CONDUZ À CULPA

  • A CULPA, NÃO ALIVIADA, CONDUZ À DEPRESSÃO

A grande descoberta sobre os sentimentos é simplesmente estar em contato com nossos sentimentos porque poderemos ser mais livres e abertos para reelaborar os problemas do passado e progredir da dor para a cura, da dor para o conforto, e da fantasia de defesa que criamos para a realidade e aceitação. Isso fará de nós pessoas mais honestas conosco mesmos em relação aos nossos sentimentos, aqueles que desenvolvemos sobre o mundo.

E não tenha receio de ser você mesmo, e perceba que seus sentimentos são importantes mesmo que seja o de eleger pizza de alho enquanto todos gostam da de queijo. Eles vão determinar suas melhores escolhas, desde que saiba como agem e como controlá-los.


Matéria publicada no jornal 10 de março de 2015

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